coluna da dani1

A história americana pela Rota 66

26/05/21

4ª parte

Saint Louis e a expansão para o oeste

E, seguindo viagem, saímos do Illinois e chegamos no Missouri!! Yupiiiii!!

Ok, por que a festa não é mesmo?? Bem, em poucas palavras? Chegamos oficialmente à porta para o Oeste americano, eba!!!

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Logo que cruzamos a fronteira do estado entramos em sua capital Saint Louis e, claro, que com os pés na cidade, lá vem a historinha: depois de tantas conquistas de colonizadores e de lutas travadas com índios nativos daquela região, os desbravadores Louis e Clark acabaram dominando a área. A grande importância, então, do estado do Missouri começou a aparecer quando este estado comprou a Louisiana... você quer dizer o “estado da Louisiana”?? Sim, sim, essa mesma!! Aquela Louisiana da famosa cidade de New Orleans, sabe qual é?? Estranho, meus queridos leitores, mas real e bem possível, aliás! Aqui vale um pequeno parêntese para mencionarmos um fato bem interessante: lembremos, por favor, que os Estados Unidos da América são estados “unidos” em uma confederação, ou seja, estados independentes e autônomos que por acaso respondem à mesma nação, o que torna compra e venda de territórios algo bem plausível e legalmente viável sim! Estranheza esclarecida, seguimos!

O território da Louisiana foi vendido pelo francês Napoleão Bonaparte (lembra dele?) ao Missouri por 50 milhões de Francos (uma fortuna nos idos de 1800, mas hoje, nem tanto dinheiro assim). Bom, o resto a partir daí, é história: com esta compra o Missouri começou a se firmar como um estado poderoso e a próspera cidade de Saint Louis, que abraça amplamente o rio Mississipi, simplesmente alavancou economicamente se tornando um ícone de transportes e transações comerciais. Ahhhh... este lamacento e amarronzado rio Mississipi! A história deste rio é parte do desenvolvimento americano, com certeza! Comércio, negros, franceses, espanhóis, escravos... todos e tudo passaram, passam e passarão por este feioso rio! Afinal, lá a história continua sendo escrita até os dias de hoje, mas já, já falaremos mais disto!

Por agora, vamos descrever a passagem pela charmosa cidade de Saint Louis, capital do estado do Missouri, que foi assim nomeada em homenagem a Luís IX da França. Assim como na Louisiana, a influência francesa nesta cidade é grande! A cidade é referência em parques e áreas verdes e seu jardim botânico e zoológico são ícones da região e realmente valem uma olhadinha que seja! Masssss... claro que não dá para falar em Saint Louis sem mencionar o que mais a torna chamativa: o Arco, os Cardinals e aquele tal de blues!!!

Sim, você leu corretamente: o “ARCO”! Se você se lembra bem, no começo dessa matéria (e se não lembra vai lá em cima e dá uma olhadinha, por favor), o Missouri é a porta do Oeste americano, e o arco foi construído justamente para homenagear esta expansão rumo ao Oeste desconhecido! E sim, é um arco mesmo (com histórias mega macabras de que o tal monumento já foi inclusive interditado porque quase caiu e coisa e tal, vá saber)! O fato é que este arco tem um museu bem interessante na sua base, que conta detalhes da história desta cidade e deste estado americanos incluindo a história de seus índios nativos e da colonização e expansão para o Oeste. O arco se debruça sobre as margens do rio Mississipi (olha ele aqui de novo!!!), e, acredite quando eu digo, do topo do arco você vai comprovar que o rio é barrento que só mesmo!!! Digamos que sua “beleza” esteja intimamente ligada à sua “utilidade”, hehe... a vista da cidade e a história do arco valem cada minuto da visita! E, claro, que de lá de cima a gente consegue ver o estádio do grande time local de beisebol: os Cardinals!

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Curtindo você beisebol ou não (e entendendo esse raio desse jogo ou não – porque, cá entre nós, eu nunca o fiz), o estádio é fantástico! Mesmo sem entender nada do jogo, vale comprar um cachorro quente e ver a bola quase no mesmo lugar do estádio a cada mordida! Porque afinal, um jogo de beisebol pode levar de 4 a 5 horas para acabar!!! Hehehe... mas, se sua paciência não permitir que você assista a um jogo e visite o estádio pessoalmente (algo bem compreensível!), não se aflija: dá para vê-lo do alto do arco e mesmo da rua, porque uma parte de sua parede é rebaixada.

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Vale, ainda, dar uma passada pelos bares na região do estádio, pois estes contemplam todo o clima do local e frequentá-los é bem divertido! E se, ainda assim, você achar que Saint Louis não tem nada que te agrade, tente um barzinho de rock blues, porque, afinal, a história francesa da cidade não nega sua herança musical! A cidade é o berço do famoso “Saint Louis blues” e é a cidade natal de ninguém menos que Chuck Berry! O músico fez sua história e tocou por lá no Blueberry Hill Club até pouco antes de sua morte em 2017.

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Não é de espantar que esta porta do oeste americano faça parte de nossa Rota 66! Aliás, eu diria que esta Rota nada mais é que um “rio Mississipi sobre rodas”!

E quanto mais andamos, mais descobrimos curiosas peculiaridades, por assim dizer: a Rota foi feita com o intuito de facilitar a comunicação e transporte entre Chicago e o Sudoeste do país. Foi construída em 1926 e teve seu trajeto modificado algumas vezes. E aqui a história fica até meio engraçada, porque, atravessando a Rota vemos que há nela há vários nomes: “historic route 66”, “old route 66”, “US66” e por aí vai...

Depois do fim da II guerra mundial, a estrada começou a ser muito mais utilizada do que antes e congestionamentos e acidentes começaram a ser recorrentes. O governo federal, então, começou a estudar alternativas para deixar a Rota mais segura. Nesta época, as grandes vias começaram a ser construídas, e uma rodovia hoje chamada de I-44 foi construída para substituir a Rota. O estado do Missouri solicitou que esta rodovia fosse chamada de I-66, mas a federação não concordou e aí a zona de nomes da antiga Rota começou!

O resumo disto tudo: até aqui, podemos percorrer a “mother road, Route 66” com uma certa clareza, e isso vai perdurar por mais alguns quilômetros em Oklahoma, mas vocês vão notar que muito em breve a Rota começa a sofrer cortes, traçados sem fim, falta de placas, quebradas que acabam em lugar nenhum, enfim, a velha Rota ainda sobrevive apesar de tudo, mas os tempos e sua utilidade com certeza mudaram!!

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E no meio desta mudança toda, continuamos persistindo e seguindo viagem!

E agora, mais que nunca, recomendo a todos que botem seus óculos de sol, agarrem suas motocas e soltem os cabelos para serem acariciados pelo vento, pois esta parte é realmente para os apaixonados por uma estrada: meus queridos, o Oeste nos espera!!