coluna da dani5

06/09/21

6ª parte

ATRAVESSANDO DESERTOS

 cumprimentos

Howdy (um “olá” tipicamente texicano)!

E chegamos ao Texas! Ao meu ver, um estado que no mínimo podemos chamar de “curioso”...

Aqui vale dizer que a Rota 66 passa apenas pelo norte do estado e não faz jus à história marcante deste lugar! Apesar desta pequena participação da Rota neste estado americano tão peculiar, vale contar a historinha: lá nos idos do ano de 1500, o Texas foi colonizado por espanhóis que, por sinal, já estavam presentes na Jamaica e no México. Entre colonização mexicana e indígenas já presentes no local (e fiquem espertos, porque, em um dado momento, até franceses quiseram ocupar a região), o Texas acabou se tornando um local de constantes batalhas e guerras por liberdade e autonomia. Tanto que, em 1834, os colonos americanos assentados nesta região se rebelaram contra o então governo mexicano ditatorial de Santa Anna, desencadeando assim a “Revolução do Texas”! Revolução esta, senhoras e senhores, que declarou o estado como República do Texas! Ok, se você está se perguntando se isso quer dizer que o Texas já foi um país autônomo a resposta é um grande SIM!!!

O Texas não só já foi um país, aliás, uma república, com presidente e tudo, durante 10 anos, como até hoje é o único estado americano que ainda conserva a sua antiga bandeira de país (além daquela atual do estado) e que, vez por outra, têm manifestações locais para que o estado volte a ser um país independente! Legal né?

bandeira texas atual    bandeira texas república

Hoje o Texas é um estado americano riquíssimo e basicamente industrial, tudo isso em razão da descoberta de poços de petróleo na região em 1901. Mas, antes de toda essa riqueza sem tamanho, a economia do estado era embasada em práticas de pecuária, e o norte do estado era lugar das maiores fazendas de gado da região. Entre todos os grandes investimentos deste estado, um dos maiores foi em estradas e ferrovias para movimentação da produção pecuária (o que, sutilmente, nos remete à nossa amada Rota). Ah, agora sim, você deve estar começando a entender melhor aquela antiga “fama” de cowboys texanos, correto? Pois sim, é isso mesmo: estes tais cowboys nada mais eram que os homens que guiavam e defendiam as manadas de bovinos e equinos dos ladrões e dos ataques indígenas da região!

Como já falamos, a passagem da Rota por este estado pode ser curta, mas é intensa!

Nossa primeira parada é, digamos, ímpar! Hehe... Devil’s rope museum, o museu do arame farpado! Na cidade de McLean, no Texas, você pode conhecer tudo, digo, tudo mesmo, sobre o arame farpado! Desde como é feito, até as esculturas mais estranhas imagináveis! O museu também tem uma área dedicada à Rota 66 e, apesar da estranheza do tema, é bem interessante! Lembre-se: Texas é o berço dos tais cowboys, e as cercas das fazendas são basicamente feitas deste tal arame, então, entrando no clima, a visita é ótima!

carruagem

Atenção: este é o estado da Rota onde as placas da estrada são quase inexistentes!! Dizem os moradores locais, que todas as placas da Rota 66 instaladas pelo governo são imediatamente roubadas! Então, vai a dica: aproveite museus e postos de gasolina para sua foto temática!

sinalização

Seguindo viagem, chegamos a Amarillo.

Aqui, a visita obrigatória fica por conta do “The Big Texan Ranch” (e o lugar é tão famoso que os hotéis da região dão traslado grátis de ida e volta até lá!). Para ser sincera, não sei bem mais o que se pode fazer turisticamente na cidade, porque não há grandes atrações conhecidas, mas a visita ao restaurante é sem dúvida imprescindível! Primeiro, porque você vai realmente provar um autêntico steak (vulgo, bife) texano (e, acredite, é grande e, para quem curte uma carne, delicioso!). Segundo, porque você pode dar sorte e achar algum louco que resolva aceitar o desafio local chamado ”72oz Steak Challenge”. Simples assim: o desafio é comer um bife de mais ou menos 2 quilos, salada, batata assada (e a batata é mega grande tá?) e um coquetel de camarão em 1 minuto (sim, 1 minuto, tipo 60 segundos, você leu certo!). Se você fizer isso amiguinho, além de ganhar uma bela congestão, você não paga pela refeição, olha só que maravilha?? Hehe... e, com certeza, terá sua carinha se empanturrando de bife no youtube pelo resto da vida!! Minha recomendação é que você dê sorte de assistir a esse espetáculo hilário quando for lá, e que, afortunadamente, não seja você o maluco que vai topar o desafio, masss... cada um que escolha suas próprias batalhas, não é mesmo? Quando eu fui não dei a “sorte” de ver esse show, mas vou dizer, que mesmo sem festinha de “empanturramento”, vale muito a visita! Além da comida ser realmente deliciosa, o ambiente é bem legal e a lojinha do restaurante é um bom ponto para conhecimento da cultura local e da influência mexicana e indígena que o lugar ainda reflete!

restaurante

Saindo de Amarillo, fica, no meio literalmente do nada, o ponto que eu considero como o mais famoso da Rota (ponto este que, tenho certeza, você já viu alguma foto em algum lugar): o Cadillac Ranch. Então... esse famoso marco da Rota nada mais é que um monte de Cadillacs enfiados na terra. Cada Cadillac é de um ano diferente... hummm, legal! Inicialmente os Cadillacs foram colocados lá em suas cores originais, mas aos poucos, eles foram desbotando e os turistas foram grafitando cada um deles... hummm... então... legal?? Hummm... é, tipo, um monte de carros enterrados na terra! Hehehe... eu confesso a vocês que não sei bem o que esperava, nem qual “mágica” o povo vê por lá, mas é, tipo, carros enterrados! Para os fãs inveterados de Cadillacs com certeza esse ponto turístico deve fazer mais sentido do que fez para mim! Haha!

cadillacs

Seguindo viagem, entramos no Novo México: e aqui, meus queridos leitores (porque sim, sou otimista e espero que você que está lendo esta matéria seja mais que apenas 1, hehe) é que o negócio fica interessante! Se você é observador como eu vai sentir que realmente mudou de país! A terra muda, o horário muda (o fuso anda 1 hora para trás quando você atravessa a fronteira do estado) e o clima muda completamente (quando estive lá até nevar, nevou, e era primavera)!

entrando

Claro que pela proximidade do México, a história da colonização deste estado não é muito diferente da do Texas, ou seja, mexicanos dominaram também esta região. E, também pelos mesmo motivos econômicos corriqueiros, guerras aconteceram e acabou que o México perdeu, e o estado do Novo México passou a fazer parte do território americano. Sem mais repetições (e, só para esclarecer, não, aqui não teve república proclamada como no Texas), o que vale a pena enfatizar é que neste estado as características culturais espanholas realmente prevalecem e são muito, muito evidentes! Talvez por isso seja uma parte tão interessante da Rota...

Como diz bem o título desta matéria, lembrem que estamos atravessando desertos, e isso já sentimos um pouco no Texas, mas a esta altura da Rota 66 a aridez desta região fica muito mais evidente!

Santa Fé, capital do estado, é um lugar que vale a visita e que, inclusive, dá para passar mais do que somente um dia! A cidade é um charme! Entre os vários lugares históricos (aqui foi lugar de muitas e muitas das chamadas “missões”), igrejas lindinhas e vistas indescritíveis da cidade, caminhar pela praça central e observar a arquitetura do local foi o que mais me encantou! As construções são basicamente todas em tom terracota, com bordas arredondadas e meio que se misturam com a geografia do lugar. As flores sobem pelas paredes cor de terra como em um filme autenticamente mexicano e as casas de lá não têm telhado como aqui no Brasil, mas sim, apenas uma laje que, diga-se de passagem, serve também para colher a água que derrete da neve que cai por lá todos os anos, já que naquela região raramente chove! Falando honestamente? Santa Fé é uma encantadora surpresa no meio do deserto! E cada minuto que você passar por lá, com certeza conta e garanto que será repleto de belas descobertas!

casas

construção

 igreja

praça

Depois de todo esse encantamento, seguimos viagem até Albuquerque, a maior cidade do estado do Novo México. Aqui o charme não é tão marcante quanto o da cidade anterior, mas o que não resta dúvida é que, pelo menos até este ponto, você verá o trecho mais bem cuidado da Rota! Com lojinhas típicas, restaurantes charmosos (ao estilo mexicano, claro!), decoração nas ruas... aqui a Rota ainda existe, apesar de toda a invasão do tal “desenvolvimento” que vemos por todo o caminho. E como toda a cidade deste estado tão influenciado pela cultura mexicana, Albuquerque segue o mesmo padrão latino: cores fortes, construções em terracota sem telhado, paredes com bordas arredondadas, ruas enfeitadas com bandeirolas, e por aí vai...  

old town

Ainda passeando pelo Novo México, há uma parada na Rota que não pode ser ignorada: Hotel El Rancho. Este hotel e restaurante, hoje um patrimônio histórico da Rota 66 (tombado e tudo), já foi lugar de hospedagem de grandes estrelas do cinema entre as décadas de 30 e 40. Se você se inspirar, vale a pena passar a noite neste hotel que contempla a arte indígena em sua decoração interior, ou, se o tempo for curto, pelo menos parar para uma refeição em seu restaurante memorável!

hotel

E é com poeira vermelha em nossos pés que vamos nos despedindo do estado do Novo México e começamos a observar a mudança de paisagem... mente bem aberta, meus queridos leitores, pois nossa próxima parada promete grandes emoções! Afinal, na próxima matéria, faremos nosso primeiro e valioso desvio da Rota 66: venha comigo, que vou te mostrar um pouquinho do Grand Canyon! Nos vemos na próxima?